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Channel: A Aparição de La Salette e suas Profecias
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Altos elogios aos bons nobres e severas repreensões aos mausBeata Ana Maria Taigi 7

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Altar com a urna da Beata Ana Maria Taigi.
Igreja de San Crisogono, Roma

continuação do post anterior

A bem-aventurada Ana Maria manteve relações espirituais com membros ilustres da nobreza, bons e maus. Deus lhe fez ver que nesta classe ilustre tinha prediletos e também inimigos.

Em 18 de agosto de 1830, enquanto rezava por um augusto representante da nobreza romana, ouviu:

“Não rezes por essa alma porque é um precito. Não somente ele, mas toda a sua estirpe (...) embora na aparência pareça convertido, não o está em seu coração. (...)

“Estes são aqueles valorosos romanos, dos quais existe ainda um grande número. Em grande número são réus de morte por graves delitos. Mas há 20 deles para os quais já está assinada a condenação” (Vol. VIII, pág. 566).

Em 20 de maio de 1831, a propósito de outro nobre:

“Não vedes até onde chega a sua iniquidade após tantas graças recebidas? (...) ele comete um sem-número de pecados e depois pede para rezarem por ele, a fim de obter o que quer, e fazer o quer, o que bem entende.

“Isto jamais se viu e jamais se verá no mundo. Dize a teu confidente que escreva que não há alma pior, mais criminosa e orgulhosa do que ele desde que Meu Pai criou o mundo. Mas esse é um defeito e um grande pecado de toda a Nobreza, especialmente de toda sua família” (Vol. VIII, págs. 680-681).

Mas assim como havia péssimos nobres que pesavam de modo desfavorável ao bem na guerra deste contra o mal – luta esta que a Beata via se desenvolver ora simbolicamente, ora materialmente no “sol místico” – também havia outros que agiam pela causa da Cristandade vivendo no magnífico e virtuoso estilo da aristocracia católica.



A princesa Maria Luísa de Bourbon, duquesa de Lucca

Sua Alteza Maria Luisa de Bourbon,
duquesa soberana de Lucca,
com seu filho Carlo.
Goya, Museu do Prado, Madri.
Encontramos nas visões da Beata Taigi um exemplo acabado de virtude no exercício do governo soberano: o da princesa Maria Luísa de Bourbon (1782–1824).

Ela nasceu Infanta de Espanha, depois foi rainha consorte e regente de Etruria e, por fim, duquesa soberana de Lucca.

A princesa viveu certos períodos em Roma. Deus recomendou à Beata Taigi apelar a ela nas suas dificuldades materiais. Em 20 de janeiro de 1820, Mons. Natali registra:

“Vai, vai, mina filha a ver a Maria Luísa. Não temas, ela te receberá com muita clemência e consolar-te-á em tuas pequenas necessidades. Diz-lhe da minha parte que seja bondosa e que se resigne, pois virei consolá-la pronto” (Vol. VI, pág. 44).

A princesa concebeu tão grande admiração pela virtuosa filha do povo que chegava a enviar “espiões” para saber o percurso da Beata quando saía de casa, pois então mandava tocar sua carruagem e lacaios para encontrá-la ‘casualmente’ na rua a fim de puxar uma prosa.

Por ser de classe inferior, mas admiradora das legítimas desigualdades colocadas por Deus entre as criaturas, a beata conversava em pé com a princesa soberana sentada em sua rica carruagem.

Certa vez Sua Alteza – pois tinha direito a esse título – convidou-a a subir na carruagem, mas a Beata recusou, pois não ficava bem a mistura de classes sociais, sobretudo naqueles tempos de revoluções igualitárias.

A princesa morreu de câncer em Roma. Numa data não muito depois de 11 de março de 1824, Mons. Natali anota a revelação divina anunciando com estas palavras à Beata Taigi a entrada da princesa no Céu:
Deus revela a entrada principesca no Céu
da duquesa Maria Luisa. Anotação de Mons. Natali.

“Chegou tua cara e dileta ao repouso eterno. Concluíram suas penas e ganhou a felicidade eterna.

“Encontrou, sim, um Reino mais belo que o seu. Ela o foi construindo como um grande senhor que ao viajar manda farta equipagem para precedê-lo, de maneira que chegando encontra tudo preparado e faz-se uma festa grandiosa.

“Assim aconteceu com ela” (Vol. VII, pág. 303).

Na página desta anotação, o sacerdote desenha o escudo real da monarquia francesa restaurada pelos Bourbons.

O general Michaud de Beauretour e o czar da Rússia Alexandre I

Ana Maria auxiliou muitos nobres necessitados fazendo uso de seu misterioso sol. Mons. Salotti conta o caso do general franco-piemontês Alexandre Michaud de Beauretour (1771 – 1841), que combateu contra a Revolução Francesa e depois contra Napoleão, tendo chegado a ajudante-de-ordem do czar Alexandre I, da Rússia.

O general foi a Roma para se beneficiar das graças do jubileu de 1825. Lá, ele ouviu o boato de que o imperador falecera subitamente. Na embaixada russa ninguém sabia nada e os que falavam estavam errados.

A rainha Maria Teresa de Sardenha, viúva do rei Vittorio Emmanuele, garantiu-lhe que as últimas ‘cartas de Viena’ – cartas diplomáticas que transmitiam as mais confidenciais informações políticas – nada diziam. Um amigo lhe falou da Beata e o general não perdeu um segundo para ir à casa da pobre mulher.

Czar Alexandre I da Rússia
Czar Alexandre I da Rússia
Com toda tranquilidade ela lhe confirmou a má notícia: o imperador de todas as Rússias estava morto. O general resistiu, mencionando os despachos da embaixada russa e o silêncio das ‘cartas de Viena’.

Ela disse sem hesitar: “Amanhã a embaixada russa receberá a notícia oficial”.

No dia seguinte, o general recolheu a trágica nova e voltou para ver a Beata. Ela consolou-o dizendo que a alma do imperador Alexandre estava no Purgatório, pois ele morrera convertido ao catolicismo.

Ana Maria havia visto no “sol” a sua morte, as causas dela e a salvação de sua alma: foi misericordioso com o próximo, respeitou o Soberano Pontífice, Vigário de Jesus Cristo, e protegeu a Igreja Católica. (Salotti, op. cit., págs. 233-235).

Alexandre I derrotou três vezes Napoleão, e para os historiadores seu desaparecimento continua sendo um mistério. Não poucos acham que ele fingiu morrer para adotar a vida penitencial de um ermitão.

Notas:
1 ) Pe. Gabriel Bouffier S.J., “La Vénérable Servante de Dieu Anna-Maria Taigi d'après les documents authentiques du procès de sa béatification”, Ambroise Bray, libraire-éditeur, Paris, 1865.
2 ) Todas as citações dos ditados da Beata anotados de Mons. Natali foram tiradas dos Manuscritos origináis conservados sob a classificação MS. 337ª no Arquivo de San Carlo alle Quattro Fontane dos padres trinitários de Roma. Eles são citados indicando o volume e a página respectiva.
3 ) Proc Apost. fol. 1537, apud Mons. Carlo Salotti, “La Beata Anna Maria Taigi secondo la storia e la critica”, Libreria Editrice Religiosa, Roma — Scuola tipografica italo-orientale « S. Nilo », Grottaferrata, 1922, 423 págs.
continua no próximo post



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